quarta-feira, 7 de outubro de 2009

07 de outubro – 46 anos do Massacre de Ipatinga

Hoje é um dia importante na história de Ipatinga, mas por que tão pouca gente sabe disso?

O que foi feito com a memória do nosso povo, que simplesmente não se lembra, ou mesmo sequer ficou sabendo da existência deste trágico passado?

Ocorrido em 1963, em período efervescente em que a cidade não vivia tempos muito democráticos, em que vigilantes despreparados da Usiminas entravam em constante atrito com os funcionários, em que a polícia militar mineira não tinha a excelente preparação de hoje em dia, o massacre foi a consequência direta de uma série de eventos que teve seu estopim no dia anterior, 06 de outubro de 1963.

Os funcionários da Usiminas eram alvo de rigorosa vigilância pelo corpo de seguranças da empresa, e passavam por humilhante revista na saída da siderúrgica. No dia 06, alguns empregados da Usina se revoltaram por terem os vigilantes revistado os mesmos, proibindo que levassem leite que haviam deixado de consumir no almoço (era de costume dos empregados, que viviam sob condições de pouco conforto financeiro, principalmente em alojamentos no bairro Santa Mônica, levarem o leite que não consumiam no almoço para o consumo em casa).

Após a confusão na portaria, uma série de eventos ocorreu na cidade, culminando em um confronto entre militares e funcionários da Usiminas nas proximidades dos alojamentos do Santa Mônica, a polícia fez uso da força, e foi repelida da mesma maneira pelos funcionários, gerando uma animosidade que terminaria no massacre no dia seguinte. Importante se faz ressaltar que a época era de temor diante do avanço do comunismo, e insurreições operárias não eram bem vistas, e frequentemente eram combatidas com violência.

No dia 07 de outubro, nas proximidades do Escritório Central da Usiminas, um sem número de manifestantes se reuniu para protestar pela ação atabalhoada dos vigilantes da empresa e dos policiais na noite anterior. Enquanto se reuniam membros da sociedade civil, da polícia, do clero e da chefia da empresa, no interior do Escritório, o que todos temiam aconteceu: policiais que estavam em cima da carroceria de um caminhão atiraram contra os populares, ferindo dezenas e matando diversas pessoas.

Até hoje divergem os dados oficiais dos depoimentos de pessoas que estiveram presentes no massacre. Oficialmente, diz-se que houve 8 mortos, sendo pelo menos uma mulher e uma criança de colo.

Extra-oficialmente, testemunhas afirmam que dezenas de pessoas foram mortas, e seus corpos misteriosamente desaparecerem.

O pior é que não faz muito tempo, e o trágico acontecimento parece desaparecer aos poucos da memória dos Ipatinguenses, que pouco a pouco vão deixando de falar no assunto, como se o mesmo fosse proibido. As escolas não abordam o tema em seus cursos de história. Parece que a dor faz com que o cidadão de Ipatinga não queira sequer se lembrar do massacre que maculou a história da cidade.

Leonardo Henrique Chain de Mello

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